Quando ser melhor não é o suficiente
Já dizia o ex-presidente da Nintendo of Japan , Satoru Iwata, na apresentação do Nintendo DS em 2004 que tecnologia melhor é bom, mas não é o suficiente, e no estado atual do mercado de hardware voltado para jogos eletrônicos podemos perceber a veracidade dessa afirmação.
Mais um ano vem, mais uma E3 vai, e com ela vários anúncios e revelações para quem é fã de video games em geral. Já faz algum tempo que eu penso que o mercado de consoles está estagnado, e a continuação de lançamento de versões aprimoradas irrelevante. Mesmo com algumas tentativas, como controles por movimento (PS Move e Kinect, mais especificamente) e Realidade Virtual, todas elas me pareceram ainda distantes dos consoles, algo que não faz parte do hardware principal, não é nativo dele, e seu alto valor de investimento e ideias implementadas ainda bastante desinteressantes fazem desses dispositivos mais serem pequenas aventuras tecnológicas para quem tem curiosidade de experimentar (e condições).
Recentemente, com o anúncio do Xbox One X na E3 2017, uma versão mais poderosa em termos de hardware da linha Xbox One, comecei a repensar nas palavras do Sr. Iwata, e em como os consoles estão evoluindo e ao mesmo tempo indo para lugar nenhum.
Qual o sentido de continuar melhorando a "potência" do hardware, se no fim será apenas a mesma coisa só que "melhor" do que da última vez? Claro que sempre há espaço para melhorias e correções, mas essa melhorias também podem vir acompanhadas de inovações e particularidades.
Outro problema é que os consoles querem competir com os PCs, sendo que essa sempre será uma batalha perdida, pois PCs sempre terão hardware superior e preços de jogos mais acessíveis. Microsoft e Sony querem conquistar o público do PC com consoles cada vez mais poderosos, porém isso não faz sentido, uma vez que jogadores de PC nunca recorreriam a um console doméstico se eles desejam um hardware poderoso, ainda mais quando muitos jogos são multiplataforma e lançam pra PC também (como é o caso da maioria dos jogos do Xbox One) e geralmente com preços menores.
Eu penso que o valor de um console é determinado pelos títulos exclusivos que ele tem em sua biblioteca de jogos, se grande parte de seus jogos é multiplataforma ou depois é lançada pra PC Windows, não há porque investir tempo e dinheiro nessa plataforma. Esse é um ponto que eu admiro na Nintendo, pois ela, tendo uma vasta coleção de títulos e franquias exclusivas, investe pesado na produção de jogos que só poderão ser jogados em suas plataformas, e não há reclamação ou pedidos de fãs que farão ela liberar suas IPs para outras plataformas. Diga o que quiser do Wii U, mas ninguém pode negar que sua biblioteca esta´repleta de ótimos jogos, tanto que porta-los para o Switch se torna justificável, ainda mais quando pensamos que nem tanta gente comprou um Wii U e por isso não pode aproveitar seus jogos, e o Switch não tem retrocompatibilidade com o sistema anterior, pela troca de mídias.
Outro fator que determina a relevância de uma plataforma são suas particularidades, e esse é outro ponto em que a Nintendo vem trabalhando em cima desde o Nintendo DS e o Wii. Como eu já disse, um console pode ser "melhor" que o anterior por ter um hardware mais potente, mas isso não pode ser a única coisa que ele tem a oferecer, a inovação e diferença também devem fazer parte do console, isso pode não o tornar "melhor" que os seus competidores, mas o faz ser diferente, e as vezes isso é o que mais importa, ainda mais num mercado onde tudo é sempre mais do mesmo "só que melhor" todos os anos. É isso que eu gostaria que mais gamers do mundo inteiro parassem para pensar. Vejam o Nintendo Switch, pode ainda estar atrás do PS4 e Xbox One, mas só o fato dele virar um portátil faz dele extremamente relevante, isso até justifica qualquer port de qualquer jogo de qualquer para esse console, pois você estará jogando o mesmo jogo, mas de uma forma diferente, e não "melhor" que da vez anterior.
Enfim, é isso o que penso. Melhorar é bom, mas fazer diferente é melhor. Competir com os PCs é uma perda de tempo e só mostra que Microsoft e Sony não conhecem bem seu público alvo.
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