Participação de mulheres no mercado de TI aumenta. Programas ajudam a desperta o interesse pela área

Mulheres diminuem diferenças nas áreas da ciência e tecnologia




Os avanços na robótica e inteligência artificial irão automatizar alguns setores de trabalho, enquanto abrem portas para novas ocupações. De acordo com o estudo da Brasscom, Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, a estimativa é 350 mil novas vagas de trabalho nessas áreas, e uma falta de profissionais para ocupa-las. Ainda assim, mulheres continuam sendo uma minoria nesse mercado tão promissor. De acordo com o levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, o PNAD, dos mais de 580 mil profissionais de TI em atuação no Brasil, apenas 20% são mulheres.

O ambiente de trabalho cada vez mais dinâmico demanda soluções mais eficazes, que só podem serem alcançadas por um grupo diversificado. Nessa demanda por novos profissionais e redução de desigualdades surgem projetos para mulheres, como é o caso do Minas Programam.

O Instituto Minas Programam é um projeto iniciado em 2015, com o objetivo de ensinar conceitos de programação para meninas e mulheres. O projeto visa a criar um ambiente amistoso para que mulheres, indígenas, e pessoas LGBTQIA+ possam aprender computação e programação, sem medo de errar, sem medo de fazer perguntas.

Ariane Cor, cofundadora e diretora do instituto, esteve presente no Hacktudo 2019 e deu em entrevista falou que esse contato inicial com professoras e colegas mulheres ajuda despertar o interesse pela área da computação:

“Depois dessa etapa elas estão prontas e daí podem entrar em turmas mistas e ficam bastante confiantes. Mas nesse comecinho elas ficam bastante inseguras de terem professores homens e tudo mais, então sim, ter mais mulheres cria um ambiente mais confortável”.


Design de informação e técnico em design gráfico, Ariane começou trabalhando como ilustradora em estúdio, e depois com internet. Era a responsável pela parte estética dos trabalhos, lidando com sites em flash e Photoshop. Começou a estudar programação por meio de tutoriais no YouTube. Trabalhava em ambientes majoritariamente masculinos, e hoje busca dar espaços para mais mulheres: “Quanto mais espaços, públicos e privados, se juntarem pra promover tecnologia para toda a comunidade é excelente”, diz Ariane.

Essa proximidade entre alunas e instrutoras ajuda a tornar o aprendizado e a criação mais tranquilos. Ariane diz que o nível de retenção no Minas Programam é maior que nos cursos tradicionais. “Então a taxa de manutenção das garotas no curso é alta. Geralmente conseguimos formar quase todas as garotas que ingressaram” conta Cor.“ E além Além disso, o que a gente acha mais importante que a formação técnica, elas acabam virando amigas”.

A maior participação de mulheres na tecnologia pode resultar em mais software e soluções que beneficiem a vida de outras mulheres. Embora o projeto não tem tenha foco direto na empregabilidade, com alunas buscando o aprendizado por diferentes razões, os conceitos iniciais funcionam como porta para um maior desenvolvimento em uma carreira já consolidada, ou a descoberta de um novo talento.

As participantes são sorteadas para estudar no Minas Programam através de inscrição no site do projeto. O curso, que tem duração de 64 horas, é totalmente gratuito, com possibilidade de transporte para alunas de regiões mais periféricas. Ariane conta que são selecionadas garotas que elas sabem que a tecnologia pode impactar positivamente na vida delas, seja para aprender manipular base de dados para algum emprego de jornalismo, ou iniciar uma base: “Mas também tem garotas que começar a fazer, por exemplo, curso de sistema da informação a partir dessa formação inicial. Tem garotas que nem querem trabalhar com tecnologia, mas [o curso] acaba servindo de base para diversos outros conhecimentos”.

Ex-alunas acabam retornando e ajudando continuação do projeto. O objetivo é formar uma rede de mulheres interessadas em trabalhar com tecnologia, para ajudar umas as outras. Dados da ONU indicam que mulheres representam apenas 17% dos programadores no Brasil, embora seja uma área de atuação com grande potencial de crescimento. O Minas Programam é um entre outros projetos que visam diminuir a diferença de gênero nessa área, que pode ser maior para meninas negras e pobres. O caminho ainda é longo, é preciso romper com estereótipos de tipos de trabalho e estudo que são reforçados desde a infância.

“Eu acho que muitas coisas ainda precisam ser feitas, ainda tem um distanciamento muito grande”. Conclui Ariane.



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